Igreja de São Pedro das Águias

Do antigo mosteiro de São Pedro das Águias restou a sua igreja, pequeno templo de nave única e cabeceira rectangular, escondido numa alta falésia sobranceira ao Távora e protegido a ocidente por uma parede rochosa, guardado assim dos olhares de quem passa em Granjinha, a aldeia mais próxima, bem como da curiosidade daqueles que o tentam vislumbrar a partir do rio.
Poderá causar espanto esta opção pela invisibilidade, mas os motivos por trás de uma tal localização explicam-se pela necessidade de segurança. A construção da igreja é atribuída aos cavaleiros D. Tedon e D. Rausendo que, cerca de 991, teriam decidido ali fundar um mosteiro para abrigar alguns eremitas que haviam fugido de territórios dominados pelos muçulmanos.
A igreja de São Pedro das Águias não surpreende apenas pela sua localização, mas igualmente pelo trabalho escultórico. O pouco espaço entre o portal principal e a parede rochosa impede que o apreciemos à distância. É preciso ficar na sua frente, com as costas quase coladas à rocha. Só então veremos os ferozes leões de pedra que guardam a entrada do templo, servindo de apoio às arquivoltas decoradas com animais afrontados, palmetas, acantos e outros motivos fitomórficos. Igualmente digno de destaque é o Agnus Dei do tímpano do portal lateral, demasiado grande para a pequena pedra em que foi esculpido, sobre o qual corre a inscrição «ao Deus dos exércitos que defenda a entrada e a saída desta igreja», prece que testemunha o espírito da época em que o templo foi edificado.
Na segunda metade do século XII, os monges mudaram-se para o novo mosteiro de São Pedro das Águias, em Távora (Tabuaço), vendido em hasta pública em 1834 e onde actualmente existe uma quinta com o mesmo nome, produtora de vinho do Porto e de mesa.
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